“A mente
que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original"
(Albert Einstein)
O
mundo é movido por forças... provavelmente por infinitas forças pulverizadas a
partir das vontades de todos que habitam seus próprios mundos. São forças
passíveis de vencer inércias, sejam físicas ou existenciais. E que impulsionam
a espiral existencial em direção ao desconhecido, na sua tortuosa trilha rumo ao
limite que a espera.
Teoricamente,
até agora foram determinadas apenas quatro forças fundamentais, que ditam a
coerência e a coesão do que percebemos e de como entendemos a realidade que
experimentamos.
A
força gravitacional, aquela da maçã, é a que nos confere peso e nos mantém conectados
ao planeta; a que não permite que a Lua caia sobre a Terra e a que impede o
Universo de se estatelar sobre si mesmo. A questão é saber até que ponto
estamos realmente atados a esta condição intrínseca à existência. A gravidade é
apenas um atributo físico, ainda que necessário às contingências cotidianas e
inevitáveis... mas o fato é que talvez não estejamos realmente presos ao nosso
restrito mundo! Ao sentar embaixo de uma frondosa árvore, à espera do fruto
proibido, podemos sentir a intensidade de sua queda ou experimentar a revelação
de outras forças e verdades. Atire a primeira pedra quem realmente acredita que
estamos todos fadados a permanecer com os pés no chão... se assim fosse, não
haveria sonhos – Shakespeare já nos alertou que nossa matéria é dessa mesma
estranha natureza –devaneios, delírios e loucuras.... Exprimimos o que somos a
partir do que sonhamos e intuímos. Existencialmente não estaríamos – nenhum de
nós – aqui se não fizéssemos valer as loucuras e os trabalhos em nome do que
acreditamos. A gravidade apenas nos segura tempo suficiente para processarmos a
vida. E ela cumpre seu papel: mantém a coesão da matéria para que o espírito
divague, pense e percorra distâncias improváveis, para depois retornar ao
casulo e cuidar para que o mundo ainda respire e permaneça sonhando. A verdade
é que para os poetas a Lua já nos invadiu muitas vezes e o Universo está ao
alcance dos que imaginam e viajam... dos que se sabem capazes de extrair
limites de suas próprias fronteiras.
A
força eletromagnética, responsável pela atração e repulsão entre corpos, nos
aproxima (ou nos repele) também dos deuses e demônios que habitam em nós. É ela
que nos força a sair em busca de opostos... mas que ninguém se engane, pois
esta força ainda desconhece potencialidades de existir. Ela não sabe que nossa
carga pessoal, refletida nas vivências, muitas vezes nos leva a querer não somente
os opostos, mas igualmente o que nos é semelhante por afinidade, por
sentimentos ou apenas para que haja completude. Ela não só permite a dança
boreal que transforma seres em tudo que for preciso transformar para salvar
realidades e divindades, como nos eleva ao Olimpo e nos instiga a portar o
cetro de Zeus, expandindo raios e controlando emoções.
A
força forte mantém a coesão e atua no núcleo, une prótons e nêutrons, de onde
tudo emerge e nos incita ao confronto entre as essências primordiais, nos
vazios sublimes da existência, onde as grandes distâncias se manifestam, ao
mesmo tempo em que não são percebidas. Esta força não permite dispersão e,
assim, integra o que somos, a partir da constituição mais básica, para
alimentarmos as estrelas com a energia libertada das reações nucleares, as
mesmas que, essencialmente, alimentam nossos sonhos.
A
interação fraca é responsável por fenômenos radioativos de decaimento. Ela induz
algumas substâncias a se tornarem instáveis. Mas no fundo, o que não decai
eventualmente? Quantos de nós mesmos não nos desgarramos em nossos rastros
existenciais? E quem sabe se o que ficou para trás não seria fundamental para
compor horizontes outros que acabamos por não saber como seriam. Mas são forças
fracas, curtas, breves... talvez possam ser existencialmente relevadas...
talvez não sejam significativas, afinal.
Eventos
inesperados podem catalisar outras forças – talvez mais importantes – forças
que movem mundos... e permitem reflexões que ultrapassam a função física de
ser.
A
reflexão conduz a lembranças que retrocedem ao casual encontro com uma
habitante ilustre que relatou, emocionada e emblematicamente, sobre as dúvidas
e dilemas e como se agarra, se equilibra, atrai, repele, decai, luta, se retrai,
esmorece e se levanta em sua busca diária e constante. Busca por sonhos,
lembranças, realizações, cuidados, alegrias, tristezas, dores, esperanças... e
tantas outras mais. Sobre sua necessidade de superar medos e angariar meios
outros na tentativa perene de ser melhor para si mesma, para os seus e para
quem puder alcançar. Sobre a percepção do amor incrível que sentiu quando foi
preciso que esta força movimentasse partes de seu mundo. Reflexões sobre nossas
vidas, que embarcam a caminho de algo, singularmente vivas. E assim pode-se dar
conta de tantas forças fundamentais: amor, solidariedade, carinho, saudade, paixão,
determinação, fé... todas essenciais, em medidas às vezes não tão exatas para
cada um, mas que incitam a permanecer neste mundo e vibrar sintonias capazes de
gerar novos, além de inusitadas vidas. São forças que agregam, mas que também
libertam. Para alguns são atrativas... para outros, repulsivas, mas
invariavelmente cumprem seu papel na cadeia existencial.
Dedicado à Glória Belém!
Dedicado à Glória Belém!
Luana
Tavares (janeiro/2013)
Olá Lua
ResponderExcluirInteressante o paralelo traçado entre o mundo da Física e o existencial. Em cada descrição das forças físicas que mantém a "ordem caótica " do Universo , uma leitura e aplicação da existência em nossa cotidianeidade. Da força grvitacional que nos mantém fixado ao planeta a liberdade dos sonhos e do imaginário. Da força eletromagnética que interagem nos corpos aos trânsitos do mundo e escolhas por repulsão ou introjeção. Da força forte de ação no microcosmo que nos desafia a uma ação una, não-dispersa e coesa na geração da unidade , seja individual, familiar ou social. E da força fraca que promove o decaimento e a instabilidade das subatomicidades ,mas que reflete forças da existência que nos conduz a montanha russa do viver com suas estabilidades e instabilidades. Força Sempre.
Uauuu!!! O comentário está dando de dez no texto em si!
ResponderExcluirObrigada pela sagacidade e poesia! Vc captou com maestria toda a intencionalidade que se pretendeu expressar.
É sempre assim: a Singularidade da Lua se enriquece com cada extrato existencial que a visita.
Abraços da Lua!
Olá Luana! Por gentileza, me envie um e-mail para este endereço: flaviosobreiro@live.com Preciso do seu endereço de e-mail. Obrigado.
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