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terça-feira, 17 de abril de 2012

O abismo é logo ali...



"Aonde fica a saída?, Perguntou Alice ao gato que ria.
Depende, respondeu o gato.
De quê?, replicou Alice;
Depende de para onde você quer ir..." Lewis Caroll (Alice no País das Maravilhas)



As lembranças vão se insinuando pouco a pouco, como se viajassem ao longo de um caminho incerto, impreciso, familiar... mas que aos poucos se desenha obscuro e tenso. O ritmo se traduz intenso e a velocidade se revela em descontrole, imbricando pelas voltas sinuosas de tudo o que não conseguimos compreender.



Sentimos a sensação iminente de um vazio, de um vácuo a se formar pela possibilidade do pressentido temor que se aproxima... o temor do desconhecido.  Não sabemos ainda se queremos acessar o abismo, embora saibamos que ele permanece logo ali, acompanhando, com seu olhar penetrante, na certeza de que, em breve, e mesmo a contragosto, mais uma partícula se aninhará em seu acolhedor destino.



Muitas vezes não sabemos para onde ir ou o que devemos fazer, pois não importa o que se escolha, somos levados talvez para onde não desejássemos estar, pelo menos não ainda... ou jamais. Escolhas talvez não definam sentimentos, mas o risco implícito nelas continuamente acaba por conduzir à loucura, que por sua vez conduz à salutar insanidade de se permanecer transbordado de vida... de vida que vaza por todos os poros como um inebriante clímax de existência, como um alucinante êxtase que quebra as barreiras da existência.

 Transpor limites é como navegar em águas turbulentas, desconhecidas, desafiadoras e, na maioria das vezes, profundas... mas que não se engane quem assim se decide, mesmo sem saber, porque para ir além de suas amarras é preciso o porto seguro do conhecimento ou a ligação sutil da alma com a sua essência, pois há devaneios sem volta aparente. Há mergulhos dos quais só emergimos de outras formas, em outros caminhos, para muitos dos quais ainda não estamos preparados. Reencontros requerem o preparo do sublime e compensador da consciência ou, quem sabe, exatamente da ausência dela.



Porque nem sempre conseguimos êxito ao lambermos os destroços do que deixamos, ao ceifarmos as raízes do que plantamos ou da colheita de cacos que resultam de explosões apocalípticas executadas nas dores nossas de cada dia, ou das dores que não ousamos lembrar.



Sim, o abismo pode estar logo ali... tão perto que um passo em falso nos empurra no turbilhão dos debates travados na alma e das descargas que aliviam a mancha que não suportamos mais carregar nas entranhas do que sentimos e pensamos.  Para penetrar os limites será preciso entrega, não exatamente preparo, mas uma sensível percepção de que ainda é possível; sondar o abismo e não ser tragado; inquirir o futuro e não antecipá-lo; viajar às mais longas distâncias, na maior velocidade permitida pela nossa resistência, da mente e do coração, do que elaboramos e do que apenas intuímos ou sentimos.



O que consola é que nunca será tarde demais... somos eternamente jovens enquanto sonhamos e irresistíveis enquanto acreditamos. O preço é apenas o de saber que nunca mais seremos os mesmos, ou melhor ainda, seremos os mesmos, mas mudados, com uma condição que nos permitirá penetrarmos novos abismos em busca de novos limites, novas e arrebatadoras estações desconhecidas, onde nenhum verão será tão quente ou nenhum inverno tão frio... mas onde os outonos continuarão a espalhar as folhas que nossa nudez descortinar, atenta à primavera dos nossos suaves sonhos.

Luana Tavares


2 comentários:

  1. Profundo! Precisarei ruminar.
    Mas sempre que ouço falar da questão do abismo, eu lembro do jogador de futebol.
    "O time parou frente o abismo. Então nos reunimos, superamos e conseguimos seguir em frente." rsrsrs
    Abração ...
    Inacio

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    Respostas
    1. Oi Inácio.
      Ainda bem que vc não faz parte deste time de futebol!!! O único abismo que percebo e que o pontua é sua dedicação aos estudos. E neste vale a pena mergulhar rumo ao desconhecido.
      Obrigada pela visita!
      Abração,
      Luana

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